Bruxelas, 4 out (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje em Bruxelas a reforma das Nações Unidas para que países em desenvolvimento ocupem postos permanentes no Conselho de Segurança, ao que a Bélgica concordou que o Brasil deve estar representado no órgão da ONU.
Lula iniciou neste domingo uma visita oficial de dois dias à Bélgica, antes de participar na terça-feira em Estocolmo da cúpula entre a União Europeia e Brasil, com uma reunião com o primeiro-ministro do país, Herman Van Rompuy, com quem assinou vários acordos de cooperação bilateral.
"Na recente reunião em Pittsburgh do Grupo dos Vinte (G20, os países ricos e os principais emergentes), Brasil e a União Europeia estiveram unidos na defesa de uma governança global representativa, democrática, legítima e eficaz", disse Lula à imprensa.
"Para isso é necessário uma reforma profunda das Nações Unidas, a inclusão de países em desenvolvimento como membros permanentes do Conselho de Segurança", enfatizou.
Van Rompuy insistiu que o Brasil deve ter um posto no órgão, e acrescentou que o peso do país nas instituições financeiras deve estar em sintonia com o papel na economia mundial.
Frente à atual crise econômica mundial, Lula defendeu por uma ação coordenada para evitar o agravamento da situação, assim como uma regulação eficaz dos agentes financeiros.
Advertiu ainda que um abandono prematuro das medidas empreendidas para estimular a produção e o consumo afetaria primeiro os países pobres e os mais prejudicados pela recessão global.
"Conto com a determinação da Bélgica para que a União Europeia faça cumprir as decisões de Pittsburgh", assinalou.
O governante brasileiro também considerou fundamental a rápida conclusão da rodada de Doha para a liberalização do comércio mundial, a fim de contribuir à recuperação da economia global, e apostou por fortalecer um sistema multilateral de comércio e lutar contra o protecionismo.
Para isso, disse que o Brasil está determinado a concluir rapidamente o acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul, estagnado por falta de avanços nas negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Lula também se referiu à cúpula sobre o clima da ONU que ocorrerá em dezembro em Copenhague, da qual se espera um novo protocolo internacional para combater à mudança climática em substituição ao de Kioto, que termina em 2012.
"Em Copenhague apresentaremos números que confirmarão nossa contribuição efetiva para redução das emissões causadoras do efeito estufa", apontou.
Segundo o presidente, o Brasil assumiu uma posição de liderança que permite exigir de todos, especialmente dos mais ricos, taxas de redução de emissões mais claras, e se mostrou convencido da possibilidade de preservar o planeta sem afetar o desenvolvimento dos países pobres.
Como contribuição do país ao desafio, Lula lembrou a revolução gerada pelos biocombustíveis.
Van Rompuy elogiou ainda os esforços do país sul-americano para reduzir o desmatamento da Amazônia, causa principal das emissões de CO2.
No contexto da reunião bilateral belgo-brasileira, o chanceler carioca, Celso Amorim, e o colega belga, Yves Leterme, assinaram diversos acordos de colaboração sobre transferência de presos, previdência social, consultas políticas, cultura, logística portuária e migrações.
Um deles garantirá que os trabalhadores brasileiros no país europeu - cerca de 40 mil - poderão utilizar os benefícios previdenciários se decidirem voltar ao país de origem, um tratado recíproco para os belgas empregados no Brasil.
Assinaram outro acordo que abre a via para colaborações em setores-chave como espacial, nuclear, nanotecnologia, biotecnologia, saúde pública e epidemiologia.
Além disso, o memorando de entendimento sobre consultas políticas que concluíram estabelecerá reuniões de alto nível entre os países a cada seis meses.
Na área cultural, o Brasil será o país convidado ao festival cultural Europalia 2010, realizado a cada dois anos e que permitirá à Europa conhecer o Brasil em toda sua diversidade, disse o governante brasileiro.
Na segunda-feira, Lula deve reunir-se com o rei dos belgas, Alberto II, e visitar o Parlamento federal, além de participar de um seminário com empresários belgas.
Fonte:UOL
Lula pede à Bélgica apoio para reformar as Nações Unidas
domingo, 4 de outubro de 2009
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