O cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, arcebispo de Cape Coast (Gana) e relator do segundo Sínodo de Bispos para a África, disse hoje que a Igreja Católica está preparada para ter um papa negro e defendeu o uso do preservativo por casais caso um dos cônjuges tenha aids.
Turkson foi nomeado cardeal em 2003 pelo papa João Paulo 2º.
Durante o Sínodo, cujos debates começaram hoje no Vaticano, Turkson acrescentou que a Igreja Católica é universal e representa todos os continentes, motivo pelo qual "não se deve excluir a possibilidade" de um papa negro, nem pensar que não há africanos "à altura" do cargo.
"Chances existem", acrescentou o cardeal em um encontro com a imprensa após apresentar o relatório sobre a Igreja na África e sobre a situação do continente antes de entrar nos debates.
"Tivemos um secretário-geral da ONU que era de Gana (Kofi Annan), agora o presidente dos Estados Unidos (Barack Obama) é negro", lembrou Turkson.
Atualmente, o Colégio Cardinalício tem 182 cardeais, dos quais 116 podem participar em um eventual Conclave para escolher um novo papa.
Os cardeais africanos são 16, dos quais nove - os que ainda não chegaram aos 80 anos - podem participar de um Conclave.
Além disso, Turkson se mostrou favorável ao uso do preservativo por casais caso um dos dois esteja contaminado pelo vírus da aids, mas bateu na tecla da fidelidade e denunciou que preservativos de baixa qualidade são vendidos na África, "que pioram a situação".
"Existem preservativos que dão um falso sentido de segurança e fazem aumentar o contágio", acrescentou o cardeal.
Turkson deu tal opinião depois de ser perguntado em entrevista coletiva sobre o que a Igreja pode fazer para lutar contra a aids em um continente como a África, onde 27 milhões de pessoas são portadoras do vírus HIV.
Segundo o cardeal, a Igreja aposta na fidelidade e em novas formas de conduta. Ele também disse que recomendaria a abstinência sexual para uma pessoa com aids ou o uso do preservativo no caso de um casal.
Turkson ressaltou, além disso, a importância dos novos medicamentos retrovirais na luta contra a aids.
Em março, a caminho de Camarões, o papa Bento XVI disse aos jornalistas que o acompanhavam em seu avião que a aids "não se combate só com dinheiro, nem com a distribuição de preservativos, que, ao contrário, aumentam o problema".
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