Nesta terra de história sem fim e beleza etérea, vários milhares de colonos judeus se reuniram em uma dúzia de colinas da Cisjordânia com barracos improvisados e bandeiras israelenses por vários dias nesta semana, para marcar um aniversário inventado e desafiar o presidente americano, transmitindo aos seus assessores em visita a Jerusalém o que pensam a respeito de sua exigência de suspensão dos assentamentos.Onze minúsculos postos avançados de colonos foram inaugurados, incluindo um vizinho deste assentamento nas acidentadas colinas em Samaria. Uma clareira contendo um gerador e um barraco com telhado de metal corrugado e uma mezuzá ritual na ombreira da porta agora leva o nome de Givat Egoz. Foi como a vizinha Neria, com 180 famílias, começou há 18 anos.
"Nós estamos reconstruindo a terra de Israel", disse o rabino Yigael Shandorfi, líder de uma academia religiosa no vizinho posto avançado de assentamento de Nahliel, durante a cerimônia. "Nossa esperança é de que haverá estradas, eletricidade e água." A mensagem ao presidente Barack Obama, ele disse, é que estas são terras judias. Ele não citou o nome do presidente, mas sim uma gíria hebraica ofensiva para homem negro e também "aquele árabe que chamam de presidente".
Nenhuma das centenas de pessoas reunidas -a maioria casais com grandes famílias, mas também homens jovens armados e adolescentes de outros postos avançados- fez objeção. Yitzhak Shadmi, líder do conselho regional de assentamentos, disse que Obama era racista e antissemita por sua afirmação de que os judeus não deveriam construir aqui, mas os árabes sim.Shadmi disse que as cerimônias por toda a Cisjordânia nesta semana eram em homenagem ao momento em 1946 em que os sionistas estabeleceram 11 assentamentos em Negev, no norte da Palestina, em desafio aos governantes britânicos antes da criação de Israel. Era importante que os novos postos avançados fossem estabelecidos durante a visita dos emissários de Washington, ele disse. George J. Mitchell, o emissário especial para o Oriente Médio, que está pressionando pela suspensão dos assentamentos, esteve na Cisjordânia no início da semana.
"Nós queríamos fazer isso enquanto estivessem aqui", disse Shadmi. "Estamos dizendo: 'Mitchell, vá para casa'."
"Nós construímos e construímos, e toda vez que eles destroem, nós construiremos maiores, melhores e mais bonitos", afirmou Tirael Cohen, uma garota de 16 anos que vive em Ramat Migron, uma extensão do posto avançado não autorizado de Migron, não longe de Ramallah, uma grande cidade palestina na Cisjordânia. Placas de metal corrugado estragadas e pedaços de madeira estavam espalhados pelo chão em volta
"A Torá diz que a terra de Israel é para o povo judeu. Isto é apenas o começo. Nós construiremos 1.000 casas aqui. Os árabes não podem permanecer aqui, não porque os odiamos, mas porque este não é o lugar deles".
O governo Obama espera ajudar a estabelecer um Estado palestino em quase toda a Cisjordânia, ao lado de Israel. Um grande desafio é o que fazer com os 300 mil judeus israelenses que se estabeleceram aqui ao longo de quatro décadas, frequentemente estimulados por seu governo.
Entre os líderes religiosos que falaram na cerimônia, o rabino Yair Remer de Harasha, um posto avançado próximo, notou que a quinta-feira era o nono dia do mês de Av, um dia judeu de luto pela destruição dos templos antigos. Ele sugeriu que a melhor forma de lidar com a tragédia da história judaica era fazer o que os jovens construtores deste posto avançado estavam fazendo.
"A terra se alegra porque seus filhos estão voltando para ela", ele disse, se referindo aos colonos judeus, sem fazer menção aos 2,5 milhões de palestinos que vivem aqui.Tirael, a adolescente de Ramat Migron, colocou de outra forma:
"Eu acredito que cada polegada desta terra é nossa, nosso sangue. Se perdermos uma polegada, é como perder uma pessoa".
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